Depressão

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Depressão

– Introdução
– O que é um transtorno depressivo?
– Tipos de depressão
– Sintomas de depressão e mania
– Causas da depressão
– Avaliação diagnóstica e tratamento
– Psicoterapias
– Como se ajudar se você estiver deprimido
– Onde obter ajuda
– Informações adicionais
– Referências</b>

Num período qualquer de 1 ano, 9,5% da população, ou cerca de 18,8 milhões de adultos norte-americanos, apresentam uma doença depressiva, um transtorno depressivo. O custo econômico desse transtorno é alto, mas o custo em termos de sofrimento humano não pode ser estimado. O transtorno depressivo interfere freqüentemente no funcionamento normal e causa dor e sofrimento, não apenas àqueles que o apresentam o transtorno, como também àqueles ao seu redor. Uma depressão grave pode destruir a vida da família, assim como a vida da pessoa doente. Todavia, grande parte desse sofrimento é desnecessária.

Muitas pessoas portadoras de uma doença depressiva não procuram tratamento, embora a grande maioria delas, até mesmo aquelas cuja depressão é extremamente grave, possa ser ajudada. Graças a anos de pesquisas, já existem medicações e terapias como a cognitiva-comportamental, a interpessoal e terapias baseadas na fala, que aliviam a dor da depressão.

Infelizmente, muitas pessoas não reconhecem que a depressão é uma doença passível de tratamento. Se você achar que você mesmo ou alguém por quem você tem afeição é uma das muitas pessoas deprimidas não diagnosticadas nesse país, as informações apresentadas aqui podem lhe ajudar a tomar as providências que podem salvar essa vida.

O QUE É UM TRANSTORNO DEPRESSIVO?
Um transtorno depressivo é uma doença que envolve o corpo, o humor e os pensamentos. Ele afeta a maneira da pessoa se alimentar e dormir, como ela se sente em relação a si própria e como se pensa sobre as coisas. Um transtorno depressivo não é o mesmo que uma tristeza passageira. As pessoas com uma doença depressiva não podem simplesmente “se acalmar” e melhorar. Sem tratamento os sintomas podem durar semanas, meses ou anos. Um tratamento apropriado, porém, pode ajudar muitas pessoas que sofrem de depressão.

TIPOS DE DEPRESSÃO
Os transtornos depressivos ocorrem em formas diferentes, tal como ocorre com outras doenças, como as doenças cardíacas. Esse folheto descreve resumidamente três dos tipos mais comuns de transtornos depressivos. Dentro desses tipos, contudo, há variações no número de sintomas, sua gravidade e sua persistência.

A depressão maior se manifesta por uma combinação de sintomas (ver lista abaixo) que interferem na capacidade de trabalhar, estudar, dormir, alimentar-se e apreciar atividades anteriormente prazerosas. Esse episódio incapacitante de depressão pode ocorrer apenas uma vez, porém normalmente repete-se várias vezes na vida do indivíduo.

Um tipo de depressão de menor gravidade, a distimia, envolve sintomas crônicos e de longa duração que não incapacitam, mas impedem o indivíduo de funcionar bem ou de se sentir bem. Muitas pessoas com distimia também têm episódios depressivos maiores em algum momento de sua vida.

Outro tipo de depressão é o transtorno bipolar, também designado como doença maníaco-depressiva. Não tão prevalente quanto outras formas de transtornos depressivos, o transtorno bipolar se caracteriza por alterações cíclicas do humor: graves altos (mania) e baixos (depressão). Às vezes, as oscilações do humor são dramáticas e rápidas, porém são normalmente graduais. No ciclo depressivo, um indivíduo pode ter qualquer um ou todos os sintomas de um transtorno depressivo. No ciclo maníaco, o indivíduo fica muito ativo, falante e com a sensação de ter muita energia. A mania afeta freqüentemente o pensamento, o julgamento e o comportamento social, causando problemas graves e constrangimentos. O indivíduo numa fase maníaca pode, por exemplo, se sentir eufórico, cheio de grandes planos, que podem ir de decisões comerciais insensatas a folias românticas. Deixada sem tratamento a mania pode piorar, chegando até um estado psicótico.

SINTOMAS DE DEPRESSÃO E MANIA

Nem todas as pessoas que estão deprimidas ou maníacas apresentam todos os sintomas. Algumas pessoas apresentam alguns poucos sintomas, outras têm muitos. A gravidade dos sintomas varia de acordo com os indivíduos e também ao longo do tempo.

Depressão
– Humor persistentemente triste, ansioso ou “vazio”
– Sentimentos de desespero, pessimismo
– Sentimentos de culpa, desvalia, impotência
– Perda do interesse ou prazer em atividades que eram anteriormente apreciadas, incluindo sexo
– Energia diminuída, fadiga, ficar “devagar”
– Dificuldade de se concentrar, recordar, tomar decisões
– Insônia, despertar precoce ou dormir demais
– Perda de apetite e/ou peso ou comer demais e ganho de peso
– Pensamentos de morte ou suicídio; tentativas de suicídio
– Inquietação, irritabilidade
– Sintomas físicos persistentes que não respondem ao tratamento, como cefaléias, transtornos digestivos e dores crônicas

Mania
– Euforia anormal ou excessiva
– Irritabilidade fora do comum
– Menor necessidade de sono
– Idéias de grandeza
– Falar demais
– Pensamento acelerado
– Aumento do desejo sexual
– Energia muito aumentada
– Juízo crítico deficiente
– Comportamento social inadequado

CAUSAS DA DEPRESSÃO

Alguns tipos de depressão ocorrem em famílias, sugerindo que uma vulnerabilidade biológica possa ser transmitida hereditariamente. Isso parece ocorrer no transtorno bipolar. Estudos de famílias em que membros de cada geração apresentam o transtorno bipolar verificaram que os portadores da doença têm uma constituição genética diferente daqueles que não adoeceram. Entretanto, a recíproca não é verdadeira: Nem todas as pessoas com a constituição genética que causa a vulnerabilidade ao transtorno bipolar apresentam a doença. Aparentemente há outros fatores, possivelmente estresses em casa, no trabalho ou na escola, envolvidos em seu desencadeamento.

Em algumas famílias a depressão maior também parece ocorrer geração após geração. Todavia, ela também pode ocorrer em pessoas que não têm história familiar de depressão. Hereditário ou não, o transtorno depressivo maior se associa freqüentemente a alterações em estruturas cerebrais ou na função cerebral.

Pessoas que têm baixa auto-estima, que vêem a si próprias e ao mundo com pessimismo ou facilmente dominadas pelo estresse são propensas à depressão. Não fica claro se isso constitui uma predisposição psicológica ou uma forma inicial da doença.

Em anos recentes, os pesquisadores demonstraram que alterações físicas no corpo podem se acompanhar também de alterações mentais. Doenças médicas como acidentes vasculares cerebrais, um ataque cardíaco, câncer, doença de Parkinson e transtornos hormonais podem causar o transtorno depressivo, tornando a pessoa doente apática e sem disposição para cuidar de suas necessidades físicas, prolongando o período de recuperação.

Assim também, uma perda grave, uma relação difícil, problemas financeiros ou qualquer mudança estressante (indesejada ou até mesmo desejada) nos padrões de vida pode desencadear um episódio depressivo. Com grande freqüência, uma combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais está envolvida no desencadeamento de um transtorno depressivo. Os episódios posteriores de doença são tipicamente precipitados por estresses apenas leves ou podem até mesmo não ter relação com nenhum estresse.

Depressão em Mulheres
As mulheres apresentam depressão a uma freqüência duas vezes maior que a dos homens. Muitos fatores hormonais podem contribuir para isso: Alterações no ciclo menstrual, gravidez, aborto, período pós-parto, pré-menopausa e menopausa. Muitas mulheres também enfrentam estresses adicionais, como responsabilidades no trabalho e no lar, a condição de mães solteiras e cuidar de filhos e de pais idosos.

Um estudo recente do National Institute of Mental Health (NIMH) mostrou que, no caso da síndrome pré-menstrual (SPM) grave, mulheres com vulnerabilidade preexistente à SPM tiveram alívio dos sintomas afetivos e físicos quando seus hormônios sexuais foram suprimidos. Logo após a reintrodução dos hormônios elas voltaram a apresentar sintomas de SPM. Mulheres sem história de SPM não relataram nenhum efeito para a manipulação hormonal.

Muitas mulheres também são particularmente vulneráveis após o nascimento de um bebê. As alterações hormonais e físicas, assim como as responsabilidades adicionais de uma nova vida, podem ser fatores que levam à depressão pós-parto. Enquanto “fossas” transitórias são comuns em novas mães, um episódio depressivo franco não é uma ocorrência normal e torna necessária uma intervenção ativa. O tratamento por um médico com empatia e o apoio emocional da família à nova mãe são considerações primordiais para ajudá-la a recuperar o bem estar físico e mental e sua capacidade de cuidar da criança e apreciá-la.

Depressão em Homens
Embora tenham menor propensão a depressão que as mulheres, 3 a 4 milhões de homens nos Estados Unidos são afetados pela doença. Os homens tendem a admitir menos a doença e os médicos tendem a suspeitar menos dela. A freqüência de suicídio em homens é quatro vezes maior que em mulheres, embora mais mulheres tentem o suicídio. De fato, depois dos 70 anos a freqüência de suicídio nos homens aumenta, atingindo o pico máximo depois dos 85 anos.

A depressão também pode afetar a saúde física dos homens de modo diferente das mulheres. Um novo estudo mostrou que, embora a depressão se associe a um risco aumentado de cardiopatia coronária tanto em homens como em mulheres, somente os homens apresentam uma freqüência elevada de morte.

A depressão masculina é freqüentemente mascarada por álcool ou drogas ou pelo hábito socialmente aceitável de trabalhar por um período excessivamente longo. A depressão se evidencia tipicamente nos homens não por um sentimento de desespero e impotência, mas sim por sentir irritação, raiva e desânimo; portanto, pode ser difícil reconhecer-se a depressão como tal nos homens. Ainda que perceba que está deprimido, um homem tem menos disposição de procurar ajuda que uma mulher. O encorajamento e apoio de membros da família preocupados pode fazer a diferença. No local de trabalho, profissionais para assistência a empregados ou programas de saúde mental no trabalho podem ser úteis para ajudar os homens a compreender e aceitar a depressão como uma doença real que necessita de tratamento.

Depressão em Idosos
Algumas pessoas têm a idéia errônea de que é normal para os idosos sentir-se deprimidos. Ao contrário, muitas pessoas idosas se sentem satisfeitas com sua vida. Porém, quando a depressão ocorre, pode ser deixada de lado como uma parte normal do envelhecimento. A depressão nos idosos, se não diagnosticada e tratada, causa um sofrimento desnecessário para a família e o indivíduo, que poderia ter uma vida produtiva. Quando ele vai a um médico, os sintomas descritos são geralmente físicos, pois a pessoa idosa freqüentemente reluta em discutir sentimentos de desespero, tristeza, perda do interesse por atividades normalmente prazerosas ou um luto extremamente prolongado após uma perda.

Reconhecendo que os sintomas depressivos em pessoas mais idosas freqüentemente passam despercebidos, muitos profissionais de saúde mental estão aprendendo a identificar e tratar a depressão subjacente. Eles reconhecem que alguns sintomas podem ser efeitos colaterais da medicação que a pessoa idosa está tomando devido a um problema físico ou podem ser causados por uma doença co-mórbida [ii].

Caso seja feito o diagnóstico de depressão, o tratamento com medicação e/ou psicoterapia vai ajudar a pessoa deprimida a retomar uma vida mais feliz e realizada. Pesquisas recentes sugerem que a psicoterapia breve (terapias de conversa que ajudam uma pessoa nos relacionamentos do dia a dia ou a aprender a combater o pensamento distorcido e negativo que acompanha comumente a depressão) é eficaz na redução dos sintomas da depressão de curta duração em pessoas idosas que estejam medicamente doentes. A psicoterapia também é útil em pessoas idosas que não podem ou não se dispõem a tomar medicações. Estudos de eficácia mostram que a depressão na idade avançada pode ser tratada com psicoterapia.

O melhor reconhecimento e tratamento da depressão na idade avançada vai tornar esse período mais agradável para o idoso deprimido, seus familiares e prestadores de cuidados.

Depressão em Crianças
Somente nas duas últimas décadas a depressão infantil foi levada a sério. A criança deprimida pode fingir estar doente, recusar-se a ir à escola, se agarrar num dos pais ou se preocupar por achar que o pai vai morrer. Crianças maiores podem ficar mal humoradas, ter problemas na escola, mostrar-se negativas, resmungonas e sentir-se incompreendidas.

Como os comportamentos normais variam de um estágio da infância para outro, pode ser difícil dizer se a criança está apenas passando por uma “fase” temporária ou está com depressão. Por vezes os pais podem se preocupar com mudanças no comportamento do filho ou um professor menciona que “seu filho não parece ser ele mesmo.” Nesse caso, se uma consulta ao pediatra afastar sintomas físicos, o médico provavelmente vai sugerir que a criança seja avaliada, de preferência por um psiquiatra especializado. Caso seja necessário tratamento, o médico pode sugerir que outro terapeuta, geralmente uma assistente social ou psicóloga, proporcione a terapia enquanto o psiquiatra supervisiona a medicação necessária.

Os pais não devem ter medo de fazer perguntas: Quais são as qualificações do terapeuta? Que tipo de terapia a criança vai fazer? A família toda vai participar da terapia? A terapia da criança vai incluir um antidepressivo? Em caso afirmativo, quais podem ser os efeitos colaterais?

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO
O primeiro passo para um tratamento apropriado da depressão é um exame físico. Certas medicações, assim como algumas condições médicas, como uma infecção virótica, podem causar os mesmos sintomas da depressão e o médico deve afastar essas possibilidades por exame, entrevista e testes laboratoriais. Se for afastada uma causa física para a depressão, uma avaliação psicológica deve ser feita pelo médico ou por encaminhamento a um psiquiatra ou psicólogo.

Uma boa avaliação diagnóstica vai incluir uma história completa dos sintomas, isto é, quando eles começaram, quanto tempo dura, qual sua gravidade, se o paciente já os teve antes e, em caso afirmativo, se os sintomas foram tratados e que tratamento foi dado. O médico deve perguntar sobre uso de álcool e drogas e se o paciente pensa em morte ou suicídio. Além disso, a história deve incluir perguntas sobre se outros membros da família tiveram uma doença depressiva e, caso tenham sido tratados, que tratamentos eles receberam e quais foram eficazes.

Finalmente, uma avaliação diagnóstica deve incluir um exame do estado mental, para determinar se os padrões de fala ou pensamento foram afetados, tal como ocorre ocasionalmente no caso de uma doença depressiva ou maníaco-depressiva.

A escolha do tratamento vai depender do resultado da avaliação. Há várias medicações antidepressivas e psicoterapias que podem ser usadas para se tratar transtornos depressivos. Algumas pessoas com formas mais leves podem evoluir bem somente com psicoterapia tão somente. Pessoas com depressão moderada a grave se beneficiam mais comumente de antidepressivos. Muitas se dão bem com o tratamento combinado: medicação para obter um alívio relativamente rápido dos sintomas e psicoterapia para aprender maneiras mais eficazes de lidar com os problemas da vida, incluindo a depressão. Dependendo do diagnóstico do paciente e da gravidade de seus sintomas, o psiquiatra pode prescrever medicações e/ou uma das várias formas de psicoterapia que se mostraram eficazes na depressão.

A eletroconvulsoterapia (ECT) é útil, especialmente em indivíduos cuja depressão seja grave, que coloque sua vida em risco ou que não possam tomar medicações antidepressivas. A ECT é freqüentemente eficaz em casos em que as medicações antidepressivas não proporcionam alívio suficiente dos sintomas. A ECT foi muito aperfeiçoada nos últimos anos. Um relaxante muscular é aplicado antes do tratamento, que é feito sob uma breve anestesia. São colocados eletrodos em locais precisos sobre a cabeça para o aporte dos impulsos elétricos. A estimulação causa uma breve (cerca de 30 segundos) convulsão no cérebro. A pessoa que recebe a ECT não vivencia conscientemente o estímulo elétrico. Para um benefício terapêutico integral são necessárias pelo menos algumas sessões de ECT, dadas tipicamente à razão de três por semana.

Medicações
Há vários tipos de medicações antidepressivas. Estas incluem medicações mais novas – principalmente inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), tricíclicos e inibidores da monoamino oxidase (IMAO). Os ISRS – e outras medicações mais recentes que afetam neurotransmissores como dopamina e norepinefrina – geralmente têm menos efeitos colaterais que os tricíclicos. Por vezes, é preciso aumentar-se a dose para que a medicação se mostre eficaz. Embora possam ser vistas algumas melhoras nas primeiras semanas, as medicações antidepressivas têm de ser tomadas regularmente por 3 ou 4 semanas (em alguns casos até 8 semanas) antes que ocorra o efeito terapêutico integral. O médico pode ter que experimentar vários antidepressivos antes de achar a medicação ou combinação de medicações mais eficaz.

Os pacientes são freqüentemente tentados a suspender a medicação cedo demais. Eles podem se sentir melhor e achar que não necessitam mais da medicação. Ou podem achar que a medicação não está ajudando em nada. É importante continuar a tomar a medicação até que ela tenha tido chance de funcionar,embora os efeitos colaterais (ver seção sobre Efeitos Colaterais) possam aparecer antes da atividade antidepressiva se evidenciar.

Depois que o indivíduo estiver se sentindo melhor, é importante continuar a medicação por pelo menos 4 a 9 meses para evitar uma recorrência da depressão. Algumas medicações têm de ser suspensas gradualmente para dar ao corpo algum tempo para se ajustar. Nunca pare de tomar um antidepressivo sem consultar o médico quanto a instruções sobre a maneira segura de suspender a medicação. Em indivíduos com transtorno bipolar ou depressão maior crônica pode-se ter de manter indefinidamente a medicação.

Os medicamentos antidepressivos não causam dependência. Entretanto, como ocorre com qualquer tipo de medicação prescrita por mais do que alguns dias, os antidepressivos têm de ser monitorados cuidadosamente para se verificar se está sendo dada a dose correta. O médico vai verificar a dose e sua eficácia regularmente.

Para as poucas pessoas ás quais os IMAO são o melhor tratamento, é necessário evitar alguns alimentos com níveis elevados de tiramina, como queijos, vinhos e picles, assim como medicações como os descongestionantes, etc. A interação da tiramina com os IMAO pode causar uma crise hipertensiva, um aumento agudo na pressão arterial que pode provocar um acidente vascular cerebral. O médico deve fornecer uma lista completa dos alimentos proibidos, que o paciente deve levar consigo o tempo todo. Outros tipos de antidepressivos não têm restrições alimentares.

Medicações de qualquer tipo – prescritas, vendidas sem receita médica ou tomadas de “empréstimo” – nunca devem ser misturadas sem consultar-se o médico. Outros profissionais de saúde podem prescrever um medicamento, mas devem ser comunicados quanto à medicação que o paciente está tomando. Alguns medicamentos, embora seguros quando tomados sozinhos, podem causar efeitos colaterais graves e perigosos quando tomados juntamente com outros. Algumas drogas como o álcool e drogas de rua podem reduzir a eficácia dos antidepressivos e devem ser evitadas [iii]. Isso inclui vinho, cerveja e bebidas destiladas. Algumas pessoas que não tinham problemas de uso de álcool podem ter permissão de seu médico para tomar uma quantidade modesta de álcool enquanto fazem uso dos novos antidepressivos.

Os medicamentos ansiolíticos (calmantes) ou sedativos não são antidepressivos. Eles são por vezes prescritos juntamente com os antidepressivos; entretanto, não são eficazes quando tomados isoladamente para um transtorno depressivo. Os estimulantes, como as anfetaminas, não são antidepressivos eficazes, mas são usados ocasionalmente sob supervisão atenta em pacientes deprimidos.

Dúvidas quanto a quaisquer antidepressivos prescritos ou problemas que possam estar relacionados à medicação devem ser discutidos com o médico.

O lítio é há muitos anos o tratamento de escolha do transtorno bipolar, pois pode ser eficaz para reduzir as oscilações de humor comuns nesse transtorno. Seu uso deve ser monitorado cuidadosamente, pois o intervalo entre doses eficazes e tóxicas é pequeno. O lítio não pode ser recomendado se a pessoa tiver epilepsia ou problemas da tireóide, renais ou cardíacos preexistentes. Felizmente, outras medicações se mostraram benéficas no controle das oscilações do humor. Entre elas estão dois anticonvulsivantes, carbamazepina e o valproato. Ambos tiveram ampla aceitação na prática clínica e valproato foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA como primeira linha de tratamento da mania aguda. Outros anticonvulsivantes que estão sendo usados atualmente são a lamotrigina e a gabapentina, cujos papéis na hierarquia do tratamento do transtorno bipolar ainda estão sendo estudados.

Muitas pessoas portadoras de transtornos bipolares tomam mais de uma medicação, incluindo, juntamente com o lítio e/ou anticonvulsivantes, uma medicação para a agitação, ansiedade, depressão ou insônia associada. Achar a combinação melhor possível dessas medicações é da maior importância para o paciente e torna necessário um monitoramento cuidadoso por parte do psiquiatra.

Efeitos Colaterais
Os antidepressivos podem causar efeitos colaterais leves e, geralmente, temporários (designados por vezes como efeitos adversos) em algumas pessoas. Tipicamente eles são incômodos, porém não graves. Entretanto, quaisquer reações ou efeitos colaterais fora do comum ou aqueles que interfiram no funcionamento devem ser relatados imediatamente ao médico. Os efeitos colaterais mais comuns dos antidepressivos tricíclicos e as maneiras de lidar com eles são:
– Boca seca – é útil tomar pequenos goles de água; mascar chiclete sem açúcar; limpar os dentes diariamente.
– Constipação – farelo de cereais, ameixas, frutas e verduras devem estar na dieta.
– Problemas vesicais – esvaziar a bexiga pode ser problemático e o jato de urina pode não ser tão forte como de costume; o médico deve ser avisado se houver uma grande dificuldade ou dor.
– Problemas sexuais – o funcionamento sexual pode se alterar; caso preocupante deve ser discutido com o médico.
– Visão turva – isso irá passar logo e geralmente não torna necessário óculos novos.
– Tonturas – é útil levantar-se devagar da cama ou da cadeira.
– Sonolência diurna – isso geralmente passa logo. Uma pessoa sentindo-se sonolenta ou sedada não deve dirigir nem operar máquinas pesadas. Os antidepressivos mais sedativos são geralmente tomados ao deitar, para ajudar a dormir e reduzir ao máximo a sonolência diurna.

Os antidepressivos mais novos têm tipos diferentes de efeitos colaterais:
– Cefaléia – esta geralmente desaparece.
– Náuseas – quando ocorrem são transitórias, após cada dose, e também são temporárias.
– Nervosismo e insônia (dificuldade em pegar no sono ou despertar com freqüência durante a noite) – esses podem ocorrer durante as primeiras semanas; geralmente resolvem com reduções na dose ou com o passar do tempo.
– Agitação (sentir-se nervoso) – o médico deve ser avisado se isso ocorrer pela primeira vez depois do medicamento ser tomado e for mais do que transitório.
– Problemas sexuais – o médico deve ser consultado se o problema for persistente ou preocupante.

Terapia com Ervas
Nos últimos anos, aumentou muito o interesse pelo uso de ervas no tratamento da depressão e da ansiedade. A erva-de-São-João (Hypericum perforatum), largamente usada no tratamento da depressão leve a moderada na Europa, suscitou interesse recentemente nos Estados Unidos. A erva-de-São-João, um arbusto atraente e baixo que se cobre de flores amarelas no verão, é usada há séculos em muitos remédios populares e à base de ervas. Na Alemanha atualmente se usa mais Hypericum que outros antidepressivos. Todavia, os estudos científicos realizados sobre seu uso foram de curta duração e usaram várias doses diferentes.

Devido ao interesse generalizado pela erva-de-São-João, os National Institutes of Health (NIH) realizou um estudo de 3 anos. Esse estudo visava incluir 336 pacientes com depressão maior de gravidade moderada, alocados ao acaso a um ensaio de 8 semanas, com um terço dos pacientes recebendo uma dose uniforme de erva-de-São-João, outro terço sertralina, um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS) prescrito comumente para depressão, e o último terço um placebo (um comprimido que tem aparência exatamente igual à dos ISRS e da erva, mas não tem ingredientes ativos). Os participantes do estudo que responderam positivamente foram acompanhados por mais 18 semanas. Ao final da primeira fase do estudo os participantes foram medidos por duas escalas, uma para depressão e outra para o funcionamento global. Não houve diferenças significativas na freqüência de resposta à depressão, mas a escala de funcionamento global foi melhor para o antidepressivo que para a erva-de-São-João ou o placebo. Embora esse estudo não apoiasse o uso da erva-de-São-João no tratamento da depressão maior, pesquisas apoiadas pelo NIMH e em andamento atualmente estão examinando um possível papel para a erva-de-São-João no tratamento de formas mais leves de depressão.

O órgão regulador de medicamentos no EUA (Food and Drug Administration), em 18 de fevereiro de 2000, emitiu documento dizendo que a erva-de-São-João parece afetar uma via metabólica importante, que é usada por muitos medicamentos prescritos para o tratamento de condições como AIDS, doenças cardíacas, depressão, convulsões, alguns cânceres e a rejeição de transplantes. Por isso, os provedores de cuidados de saúde devem alertar seus pacientes quanto a essas interações medicamentosas potenciais.

Alguns outros suplementos à base de ervas de uso comum e que não foram avaliados em ensaios clínicos em grande escala são efedra, gingko biloba, equinacea e ginseng. Qualquer suplemento à base de ervas só deve ser tomado após consultar-se o médico ou outro provedor de cuidados de saúde.

PSICOTERAPIAS
Muitas formas de psicoterapia, incluindo algumas terapias de curta duração (10-20 semanas), podem ajudar indivíduos deprimidos. As “terapias da fala” ajudam os pacientes a adquirir insight quanto a seus problemas e resolvê-los por um intercâmbio verbal com o terapeuta, combinado por vezes a “tarefas de casa” designadas entre as sessões. Os terapeutas “comportamentais” ajudam os pacientes a aprender a obter maior satisfação e maiores recompensas através de suas próprias ações e a desaprender os padrões comportamentais que contribuem para sua depressão ou decorrem dela.

Duas das psicoterapias de curta duração que a pesquisa mostrou serem úteis em algumas formas de depressão são as terapias interpessoais e cognitivo/comportamentais. Os terapeutas interpessoais focalizam as relações pessoais alteradas do paciente, que tanto causam como aumentam a depressão. Os terapeutas cognitivo/comportamentais ajudam os pacientes a modificar os estilos negativos de pensamento e comportamento freqüentemente associados à depressão.

As terapias psicodinâmicas, que são ocasionalmente usadas no tratamento de pessoas deprimidas, focalizam a resolução dos sentimentos em conflito do paciente. Essas terapias são com freqüência reservadas para um período em que os sintomas depressivos já estejam significativamente melhores. De modo geral, as doenças depressivas graves, especialmente as recorrentes, necessitam de medicação (ou ECT em condições especiais) juntamente com a psicoterapia, ou precedendo-a, para um melhor resultado final.

COMO AJUDAR A SI MESMO SE VOCÊ ESTIVER DEPRIMIDO
Os transtornos depressivos fazem a pessoa se sentir exausta, sem valor, impotente e desesperada. Esses pensamentos e sentimentos negativos fazem algumas pessoas sentirem vontade de desistir de tudo. É importante perceber que essas idéias negativas fazem parte da depressão e tipicamente não refletem corretamente as circunstâncias reais. O pensamento negativo se desvanece quando o tratamento começa a fazer efeito. Nesse ínterim:
– Estabeleça objetivos realistas, à luz da depressão, e assuma um grau razoável de responsabilidade.
– Decomponha grandes tarefas a tarefas menores, estabeleça algumas prioridades e faça o que puder quando puder.
– Tente ficar com outras pessoas e confiar em alguém; isso geralmente é melhor que ficar sozinho e sem falar com ninguém.
– Participe de atividades que façam você se sentir melhor.
– Exercícios leves, ir a um cinema, um jogo de futebol ou participar de atividades religiosas, sociais ou de outro tipo pode ajudar.
– Espere que seu humor melhore gradativamente e não imediatamente. Sentir-se melhor leva tempo.
– É aconselhável adiar decisões importantes até que a depressão tenha melhorado. Antes de decidir fazer uma mudança radical – p.ex. mudar de emprego, casar-se ou divorciar-se – discuta isso com outras pessoas que você conheça bem e tenha uma visão mais objetiva da situação.
– As pessoas raramente saem de uma depressão “da noite para o dia”, mas elas podem se sentir um pouco melhor a cada dia.
– Lembre-se, o pensamento positivo vai tomar o lugar do pensamento negativo (que faz parte da depressão), mas que irá desaparecer logo que sua depressão responda ao tratamento.
– Deixe seus familiares e amigos lhe ajudarem.

Como Familiares e Amigos Podem Ajudar a Pessoa Deprimida
A coisa mais importante que qualquer pessoa pode fazer pela pessoa deprimida é ajudá-la a obter um diagnóstico e tratamento apropriado. Isso envolve encorajar o indivíduo a permanecer em tratamento até que os sintomas comecem a melhorar (algumas semanas) ou procurar um tratamento diferente se não ocorrer melhora alguma.

Ocasionalmente, pode ser necessário marcar uma consulta e acompanhar a pessoa deprimida ao médico. Pode significar também monitorar se a pessoa deprimida está tomando a medicação. A pessoa deprimida deve ser encorajada a obedecer as às ordens do médico quanto ao uso de produtos alcoólicos enquanto toma a medicação.

A segunda coisa mais importante é dar apoio emocional. Isso envolve compreensão, paciência, afeição e encorajamento. Estimule a pessoa deprimida a conversar e ouça-a com atenção. Não desqualifique os sentimentos expressos, mas aponte as realidades e dê esperança. Não ignore os comentários sobre suicídio. Relate-os ao terapeuta da pessoa deprimida. Convide a pessoa deprimida a caminhadas, saídas, a ir ao cinema e a outras atividades. Insista delicadamente se seu convite for recusado. Encoraje a participação em algumas atividades que deram prazer anteriormente, como passatempos, esportes, atividades religiosas ou culturais, mas não force a pessoa deprimida a fazer coisas demais muito cedo. A pessoa deprimida precisa de distração e companhia, mas exigências demais podem aumentar os sentimentos de fracasso.

Não acuse a pessoa deprimida de fingir uma doença ou de preguiça nem espere que ela saia dela “num piscar de olhos”. Lembre-se que, com o tratamento, muitas pessoas de fato melhoram e continue a tranqüilizar a pessoa deprimida: com o tempo e com ajuda, ela vai se sentir melhor.

ONDE OBTER AJUDA
Em momentos de crise o médico do serviço de emergência de um hospital pode ser capaz de dar uma ajuda temporária a um problema emocional e vai poder lhe dizer onde e como obter ajuda adicional.

Estão relacionados abaixo os tipos de pessoas e lugares que vão fazer um encaminhamento a serviços diagnósticos e de tratamento ou prestar esses serviços.
– Médicos de família
– Especialistas em saúde mental, como psiquiatras, psicólogos ou assistentes sociais
– Organizações para a manutenção da saúde
– Centros de saúde mental comunitária
– Departamentos de psiquiatria e clínicas ambulatoriais de hospitais
– Programas filiados a universidades ou escolas de medicina
– Clínicas ambulatoriais de hospitais estaduais
– Serviços de família, instituições sociais ou religiosas
– Clínicas e instituições particulares
– Programas de assistência a empregados
– Sociedades locais de medicina e/ou psiquiatria

REFERÊNCIAS
1 Blehar MD, Oren DA. Gender differences in depression. Medscape Women's Health, 1997;2:3. Revised from: Women's increased vulnerability to mood disorders: Integrating psychobiology and epidemiology. Depression, 1995;3:3-12.
2 Ferketick AK, Schwartzbaum JA, Frid DJ, Moeschberger ML. Depression as an antecedent to heart disease among women and men in the NHANES I study. National Health and Nutrition Examination Survey. Archives of Internal Medicine, 2000; 160(9): 1261-8.
3 Frank E, Karp JF, Rush AJ (1993). Efficacy of treatments for major depression. Psychopharmacology Bulletin, 1993; 29:457-75.
4 Lebowitz BD, Pearson JL, Schneider LS, Reynolds CF, Alexopoulos GS, Bruce MI, Conwell Y, Katz IR, Meyers BS, Morrison MF, Mossey J, Niederehe G, Parmelee P. Diagnosis and treatment of depression in late life: consensus statement update. Journal of the American Medical Association, 1997; 278:1186-90.
5 Robins LN, Regier DA (Eds). Psychiatric Disorders in America, The Epidemiologic Catchment Area Study, 1990; New York: The Free Press.
6 Rubinow DR, Schmidt PJ, Roca CA. Estrogen-serotonin interactions: Implications for affective regulation. Biological Psychiatry, 1998; 44(9):839-50.
7 Schmidt PJ, Neiman LK, Danaceau MA, Adams LF, Rubinow DR. Differential behavioral effects of gonadal steroids in women with and in those without premenstrual syndrome. Journal of the American Medical Association, 1998; 338:209-16.
8 Vitiello B, Jensen P. Medication development and testing in children and adolescents. Archives of General Psychiatry, 1997; 54:871-6.

[i] Estas páginas são uma versão autorizada à ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) de uma nova edição de 1994 do Plain Talk About Depression que foi escrita por Margaret Strock, Information Resources and Inquiries Branch, Office of Communications, National Institute of Mental Health INIMH). A assistência especializada foi dada por Raymond DePaulo, MD, Johns Hopkins School of Medicine; Ellen Frank, MD, University of Pittsburgh School of Medicine; Jerrold F. Rosenbaum, MD, Massachusetts General Hospital; Matthew V. Rudorfer, MD, e Clarissa K. Wittenberg, membros da equipe do NIMH. Lisa D. Alberts, membro da equipe do NIMH, prestou assistência editorial.
Impressa em 2000. Esta publicação está no domínio público e pode ser usada e reimpressa sem permissão. Aprecia-se a citação da fonte. NIH Publication No 00-3561

[ii] duas doenças diferentes, ao mesmo tempo (NT)

[iii] ademais de, por si só, poderem piorar o quadro (NT).

Leia também:
Uma mente inquieta – Kay Jamison
Testemunho pessoal de Kay Redfield Jamison, autoridade internacional em doença maníaco-depressiva e uma das poucas mulheres cadedráticas de medicina em universidades norte-americanas. A obra é a revelação da sua própria luta, desde a adolescência com a doença, e de como a doença mudou sua vida.

Perto das trevas – William Styron
Em 1985, o escritor americano William Styron começou a viver um processo dos mais terríveis e que aflige milhões de pessoas no mundo – a depressão. Angustiante e desesperadora, a depressão, muitos acreditam, é um caminho sem volta em direção às trevas. O relato de Styron, no entanto, feito com o realismo de quem foi ao fundo do poço sem saber que tinha direito a retorno, consegue ser assustador, sim, mas também uma porta de saída e o melhor alerta que se poderia ter. Profundamente consciente durante toda a “descida”, Styron confessa detalhes amargos, analisa, compara, faz um estudo sensível dos companheiros famosos de viagem que não voltaram, como Vincent Van Gogh, Virginia Woolf, Sylvia Plath, entre outros.

 

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