Cálculos renais afetam até 15% da população mundial
E o número de afetados vem aumentando: nos EUA, houve um crescimento de 37% na formação de cálculos nas últimas décadas. "Esse dado está relacionado a mudanças no estilo de vida e à evolução nos diagnósticos. A pessoa faz um ultra-som por outra razão e descobre o cálculo", explica o urologista Nelson Gattás, coordenador do comitê de litíase (formação de cálculos) da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Hábitos como baixa ingestão de água, excesso de consumo de sal e sedentarismo favorecem a formação de cálculos.
Antes mais comum em homens, o problema já não é predominantemente masculino. Segundo Ita Pfeferman Heilberg, professora de nefrologia e coordenadora do Ambulatório de Litíase da Unifesp, as mulheres secretam mais citrato, um inibidor de cristalização e, por isso, estariam mais protegidas. Mas fatores ambientais vêm contribuindo para a equiparação dos dois gêneros. "Cada vez mais, vemos que não há essa diferença. Elas estão no mercado de trabalho, expostas às mesmas condições a que os homens", diz.
A parte boa da história é que há novos recursos para aliviar o problema. No último Congresso Americano de Urologia, foi apresentado um estudo mostrando que os alfabloqueadores, usados contra o câncer de próstata, dilatam o canal que conduz a urina à bexiga e aumentam em 30% a chance de o paciente eliminar cálculos nessa região. "É o único remédio que, comprovadamente, pode ser usado para ajudar a eliminar cálculos", diz Gattás.
E, se a pedra não sair sozinha, os recursos para fragmentá-la estão mais eficazes. Os aparelhos de endoscopia usados com o laser, por exemplo, estão cada vez mais flexíveis, o que permite que atinjam cálculos localizados no rim. "Antes, só chegávamos a cálculos mais baixos, perto da bexiga", diz o urologista Flávio Trigo Rocha, do núcleo avançado de urologia do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).
Fonte:Folha de S.Paulo 17/09/2008