Trombose: Silenciosa e Fatal

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Trombose: Silenciosa e Fatal

Uma "epidemia" silenciosa varre os hospitais brasileiros. Os números ainda não são precisos, mas a estimativa é de que até 40% dos pacientes internados para cirurgias mais complexas acabem desenvolvendo a trombose.

O problema é resultado de uma pane nos mecanismos de coagulação do sangue e, se não identificado a tempo, pode até colocar o paciente sob risco de vida. Muitas vezes, por mera falta de prevenção.

Preocupada com as proporções da epidemia, a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular está  dando um alerta aos hospitais. A idéia é distribuir aos serviços um protocolo de profilaxia da trombose.

Em outras palavras, um programa de computador que "mede" os riscos de cada paciente em desenvolver o problema e permite avaliar a eficácia da prevenção.

De acordo com o médico Jackson Caiafa, chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, e responsável pelo desenvolvimento do programa, as tromboses podem ser comparadas a um iceberg.

"O diagnóstico é difícil e até 70% dos casos evoluem silenciosamente. Mas a chance de complicações é enorme", explica.

A trombose é o resultado da formação de coágulos, ou trombos, quando algum fator lesa a parede dos vasos sangüíneos ou faz o sangue estagnar no seu seu interior.

Essas placas podem obstruir a circulação no local ou, na pior hipótese, atingir os pulmões, bloqueando a oxigenação do sangue. É a embolia pulmonar, um acidente potencialmente fatal, responsável por 50 mil mortes por ano, nos Estados Unidos.

Segundo o professor do departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Marco Túlio Baccarini Pires, a doença é geralmente resultado da imobilização do paciente durante as internações, ou após cirurgias mais complexas.

Sem os movimentos, a circulação se torna mais difícil e as chances de formação de trombos aumenta. Mas há grupos sob maior risco, mesmo fora dos hospitais.

A meta da sociedade científica é alertar os médicos para a incidência alarmante da trombose. E difundir a lista de cuidados preventivos, desenvolvidos nos últimos dez anos, em estudos que buscavam explicar por que pacientes recém-operados, e às vezes em franca recuperação, acabavam morrendo subitamente – por embolia. Segundo Caiafa, o problema custa ao Brasil nada menos que 4 bilhões de dólares por ano.

"A simples elevação dos pés da cama do doente, o uso de faixas ou meias de compressão, fisioterapia e até a retirada precoce do paciente do leito podem reduzir o risco de trombose", diz Baccarini. "Nos casos de maior risco, podem-se ainda usar medicamentos específicos".

É em parte por isso que a campanha tem apoio da indústria farmacêutica, de olho num mercado em expansão. A prevenção da trombose pode ser feita tanto com anticoagulantes, uma droga relativamente barata. Ou com os chamados antitrombóticos, a alternativa mais moderna, que impede o desenvolvimento dos coágulos e traz menos riscos ao paciente.

Na avaliação de Jackson Caiafa, o tratamento adequado pode reduzir em até dois terços a incidência da trombose e em um terço os casos de embolia pulmonar. Mas está longe de ser uma panacéia. Até porque, lembra bem Baccarini, o alto custo das drogas ainda deixa a prevenção fora do alcance de uma imensa fatia dos pacientes.

* Os Perigos

O perigo imediato da trombose é a chamada embolia pulmonar. O problema ocorre quando os trombos se fragmentam e pequenos coágulos migram pela circulação até os pulmões, entupindo vasos onde o sangue deve ser oxigenado antes de voltar a "alimentar" o corpo. O paciente corre risco de vida.

A longo prazo, os trombos podem levar a uma inflamação na parede dos vasos sangüíneos – a chamada flebite. O funcionamento das veias é afetado, gerando lesões que minam a qualidade de vida do paciente, como úlceras e o escurecimento da pele, grandes varizes e o inchaço do local.

* Os Fatores de Riscos

Algumas condições podem predispor o paciente a sofrer de trombose:

Idade acima de 40 anos

  • Obesidade
  • Varizes grandes
  • História anterior de trombose
  • Uso de anticoncepcionais orais ou da reposição hormonal
  • Cigarro
  • Alterações genéticas que afetam o mecanismo de coagulação
  • … e outras podem funcionar como gatilho para a doença
  • Cirurgias de médio e grande portes
  • Infecções e doenças graves
  • Traumatismos
  • Gravidez e pós-parto
  • Imobilização prolongada

* Sinais de Alerta

As veias das pernas são as mais atingidas pela trombose – em quase 90% dos casos. Veja quais os sintomas mais comuns:

  • Dor intensa
  • Inchaço nas pernas
  • Vermelhidão e calor no local
  • Endurecimento da musculatura da perna
  • Formação de nódulos dolorosos nas varizes

* Cuide-se

O que os médicos recomendam:

  • Fique atento à evolução das varizes. E procure o médico diante do aparecimento de nódulos, calor e vermelhidão no local.
  • Jamais combine cigarro com as pílulas anticoncepcionais ou a terapia de reposição hormonal. O risco de trombose aumenta nesses casos.
  • No caso de uma cirurgia, converse com seu médico sobre os cuidados para evitar a trombose, mesmo depois de receber alta do hospital.
  • Fonte:www.boasaude.uol.com.br