Conhecimento popular ajuda a resgatar patrimônio histórico de Balneário Piçarras

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 Projeto "Mestres dos Saberes Populares" vai reunir relatos da comunidade para manter viva a identidade local

O conhecimento popular, que de geração em geração mantém viva a memória de um povo, vai ganhar mais espaço na política cultural a ser implantada pelo Governo Municipal de Balneário Piçarras. A Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte (Setuce) realiza, dia 13 de março, a primeira rodada do projeto "Mestres dos Saberes Populares", uma iniciativa que vai dar voz às personalidades que compõem a cultura popular da cidade. O primeiro encontro será com o pesquisador da história local, Luiz Ferreira da Silva, o popular Chimboca.

O projeto é uma parceria entre o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Compac) e a Setuce e tem a finalidade de registrar em um livro as histórias que serão contadas durante as rodas de conversa. "O objetivo é resgatar as memórias dos moradores da cidade que têm história para contar, como meio de contribuir para a preservação do patrimônio imaterial", explica a chefe do setor de cultura da Setuce, Adriana de Souza. De acordo com ela, a Secretaria da Educação também participará do projeto estimulando os professores da rede municipal a utilizarem o material em suas aulas.

Resgate histórico

Durante a primeira etapa, membros do Compac e da comunidade visitarão personalidades locais para registrar as memórias do povo local sob diversos olhares. As rodas de conversa vão acontecer no décimo quinto dia útil de cada mês, nas residências de cada um dos convidados, que serão indicados pelo Compac.

O primeiro entrevistado é o pesquisador autodidata Luiz Ferreira da Silva, o Chimboca, filho do escritor José Ferreira da Silva, que foi o primeiro a registrar a história dos municípios de Penha e Piçarras. Além do legado "História do município de Penha", livro escrito pelo pai em 1958, Chimboca mantém em seu acervo relatos antigos por ele registrados que em breve estarão ao alcance de todos. Ele será uma das fontes utilizadas para a construção de um acervo público da história de Balneário Piçarras. O encontro acontece dia 13 de março, às 9h, na residência do entrevistado, que fica na Rua Antônio Agnelo Santana, 413, no centro.

Investimento em educação é prioridade

Pela primeira vez em 46 anos de emancipação o município de Balneário Piçarras está implantando uma política pública de preservação do patrimônio histórico e cultural. A primeira medida foi a implantação e regulamentação do Conselho do Patrimônio Histórico (Compac), através da Lei 061, de autoria do vereador Maurício Köche, em setembro do ano passado.

 

Com base na legislação que dispõe sobre a conservação do patrimônio histórico, cultura e natural, a Setuce elabora uma política pública de tombamento de bens móveis e imóveis e da paisagem natural cuja conservação seja de interesse público. No entanto, conscientizar a comunidade quanto a importância de preservar esse patrimônio é o primeiro desafio da Setuce e do Campac.

De acordo com a chefe da Divisão de Cultura, Adriana de Souza, o tombamento de patrimônio é a última de uma série de ações que precisam ser desenvolvidas. "Primeiro precisamos criar uma consciência de preservação e isso se dá por meio da educação com iniciativas como o "Mestres dos Saberes", argumenta.

Na segunda etapa do projeto, o material coletado durante as rodas de conversa será utilizado na confecção de uma cartilha e de material de educação patrimonial a ser distribuído e utilizado na rede municipal de ensino. A Setuce elabora projetos de captação de recursos junto às autarquias do Governo Federal para financiar a publicação.

Além do projeto "Mestres dos Saberes Populares", o Governo Municipal promove o primeiro Censo da Cultura, que dará mais subsídios para a implantação da política municipal de cultura. A Setuce cadastra, desde o fim do ano passado, todos os moradores envolvidos com artes e artesanato na cidade para definir quais áreas têm necessidade de investimentos. O banco de dados também servirá para divulgar os talentos locais da cidade em eventos, feiras e na mídia. Outras iniciativas como o Festival da Canção devem se adequar a nova política de cultura do município.