Passada uma semana do dia internacional da mulher, cerca de 100 pessoas reúnem-se nesta quinta-feira, 15, para discutir os espaços de empoderamento político feminino e o I Seminário Estadual de Mulheres na Política e Políticas para as Mulheres.
O evento é promovido pela Federação Catarinense de Municípios – FECAM, com o apoio da prefeitura de Bombinhas, e a organização da Escola de Gestão Pública Municipal – EGEM e tem o objetivo de possibilitar o debate sobre a inserção da mulher nos espaços políticos e sobre as Políticas Públicas voltadas às Mulheres nos municípios Catarinenses. “A participação feminina na política ainda é muito pequena, quase inexpressiva e precisamos da força da mulher para fazer a transformação que nosso pais está precisando”, colocou a anfitriã do evento, prefeita de Bombinhas Ana Paula Silva, durante a abertura do evento.
“Estamos aqui para resgatar alguns espaços fundamentais para fortalecer o corpo feminino e a igualdade de gênero”, explicou a prefeita de Vargem e presidente da EGEM, Milena Becher. “Estamos aqui para abrir espaço de discussão para fomentar e valorizar a igualdade de gênero, de forma a criar cada vez mais espaços para as mulheres na nossa sociedade”, concluiu. “Precisamos aproveitar esses espaços para modificar a nossa sociedade que é composta de homens e mulheres mas, dominada em todos os setores pelo pensamento masculino, não por homens, mas pelo pensamento masculino”, explanou também a 1ª vice-presidente da FECAM, prefeita de São Cristóvão do Sul, Sisi Blind.
Luto
Enlutados, em meio a um espaço de discussão do empoderamento feminino na política, os participantes do Seminário Estadual de Mulheres na Política e Política para as Mulheres, fizeram um minuto de silêncio em homenagem à luta e trajetória da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada na noite de quarta-feira, 14.
Ao retornar de um evento público, acompanhada do motorista e de uma assessora, Marielle foi alvejado por balas de arma de fogo. Ela foi atingida por quatro tiros, todos na região da cabeça. A suspeita inicial da investigação é de execução.
Empoderamento
O empoderamento foi um dos pontos chaves dos debates do evento. Vice-Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/RS, advogada Aline Eggers, trouxe às mulheres participantes uma reflexão sobre a ocupação dos espaços que são abertos e não são aproveitados, caso das mulheres que se candidatam para cumprir cotas em partidos, mas não obtém nem o próprio voto. “Devemos nos reconhecer como sujeitos de direito à dignidade ao respeito e à igualdade acima de tudo. Nós mulheres temos muitos espaços na sociedade que estão abertos para nós, mas não estão acessíveis, e essa acessibilidade deve ser feita a partir de nossas conquistas em relação aos nossos direitos”, explica ela. “Temos sim condições e capacidade de assumir todos os espaços de fala da sociedade”.
O espaço político é um deles, o que foi corroborado pela prefeita Milena Becher, ao falar sobre sua experiência. “A participação feminina na tomada de decisões. Estamos aproveitando esses espaços ou estamos deixando para outras pessoas? Vamos só reclamar da corrupção ou vamos dar a cara a tapa para tentar mudar alguma coisa?”, argumenta. Assim como ela as prefeitas Ana Paula Silva e Sisi Blind fizeram um relato de suas trajetórias até conquistarem a posição que ocupam hoje. “Temos que sair do empobrecimento que nos colocaram culturalmente, de achar que não somos capazes, que não temos poder, nós temos sim, só temos que ocupar o nosso espaço, não podemos deixar as cadeiras vazias”, refletiu a prefeita Sisi. “Mulheres, vocês têm que botar na cabeça algo fundamental e importante. A confiança que conquistamos e transmitimos vai além daquilo que aparentamos”, colocou Ana Paula.
Políticas Públicas
A Política Nacional das Mulheres e os Conselhos Municipais também foram pauta das discussões. A importância das politicas públicas efetivas e a importância da criação dos conselhos e o quanto as conferências são importantes foram temas abordados pela presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulhers – CEDIM/SC, Sheila Sabag. “A criação de organismos de políticas das mulheres é fundamental. Tendo dentro do município um conselho de mulheres, um organismo de mulheres, que possa estar sempre conversando nos fortalece”, explica. “Esse momento é de união, solidariedade, se não fizermos isso não vamos avançar, pelo contrário, vamos continuar a ser violentadas nos nossos direitos”.
O envolvimento das mulheres foi também pautado pela coordenadora da Delegacia especializada da Mulher, a delegada de polícia, Patrícia Mandala. “Precisamos nos organizar, temos que fortalecer os conselhos de diretos da mulher, só a polícia civil, a polícia militar, o Ministério Público e o judiciário, sozinhos não resolvem a questão da violência contra a mulher. Quer empoderar as mulheres? Crie redes de apoio, crie os conselhos de direito e associações de mulheres”, coloca ela..
Os Conselho Municipais de Direitos das Mulheres de Balneário Camboriú, Rio do Sul e São Francisco do Sul também apresentaram suas experiências, e o evento terminou com a apresentação do Movimento “Mulheres Donas de Si”, com a apresentação da coordenadora Leila Moura.