É um colegiado de gestão em educação que busca fortalecer a cooperação técnica, científica, cultural, financeira, educacional e de gestão pública, visando o desenvolvimento e consolidação de um espaço privilegiado de promoção da gestão democrática compartilhada da educação básica pública, em regime de colaboração horizontal, entre os Sistemas de Ensino que integram a região da Amfri – Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí, visando o desenvolvimento e execução de programas e projetos de cooperação intermunicipal e o intercâmbio em assuntos educacionais, culturais, científicos, tecnológicos e de pesquisa para a área da educação e o estabelecimento de mecanismos para sua realização.

FUNDAMENTOS

[…] ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

(FREIRE, 2011, p. 95)

     Paulo Freire, por se tratar, acima de tudo, de um educador, determinou uma concepção toda original de educação, vista como instrumento de libertação, como processo dialético de conscientização. As características do termo educação estavam profundamente ligadas à sua pessoa, pois ele era um homem que não somente se preocupou com a educação, mas fez dela o ideal e a meta de sua vida e de suas atividades.

     Nesse contexto, constata-se a inegável contribuição que seus estudos prestam ao processo de desenvolvimento dessa ousada proposta de trabalho cooperativo e colegiado na perspectiva de efetivação da gestão democrática da educação, uma vez que ele alicerça o sucesso das relações sociais (nesse caso a educação) no diálogo, no despertar da curiosidade, na conscientização para inserir-se no mundo de forma crítica e, na vocação ontológica do ser humano de “ser mais”, dentro de um contexto social em que convivem variadas camadas sociais estratificadas pela condição econômica.

     Para Paulo Freire a educação nunca é verticalizada, de cima para baixo, mas entende que os homens se relacionam entre si e com o mundo, e por isso todos devem participar ativamente do seu próprio processo de educação. Sendo assim, o diálogo é o instrumento para se descobrir a educação problematizadora e é a tentativa de renovação da sociedade. É por meio do diálogo, também, que se elabora o conteúdo da educação, pois este não é trazido pronto, mas concebido e realizado no grupo, nasce das situações históricas dessa comunidade educativa e educadora, simultaneamente.

     Freire propõe uma metodologia de trabalho, baseada numa relação dialógica entre sujeitos, na qual ensina-se aprendendo; e, aprende-se ensinando. Nesta relação não há espaço para autoritarismo e as soluções não são oferecidas de forma unilateral; são construídas de forma dialógica, e devem se basear na história e nas vivências do contexto.

     A educação é feita ou conquistada através de métodos, de objetivos. Existe troca de conhecimentos entre a sociedade educativa, ou seja, há um interesse comum em aprender. Nesta relação dialogal deve-se levar em consideração o contexto em que se encontram esses sujeitos do conhecimento, porque a educação será construída a partir de suas realidades se capacitando na multiplicidade do saber, saber este construído através da união de saberes. Para tanto, propõe investigação temática para captar a forma de pensar das pessoas que compõem a comunidade (o território), suas relações interpessoais, suas subjetividades, sua forma de ver o mundo e de se relacionar com ele, conforme afirma Freire:

     A investigação da temática, repitamos, envolve a investigação do próprio pensar do povo. Pensar que não se dá fora dos homens, nem num homem só, nem no vazio, mas nos homens e entre os homens, e sempre referido à realidade. Não posso investigar o pensar dos outros, referido ao mundo, se não penso. Mas, não penso autenticamente se os outros também não pensam. Simplesmente, não posso pensar pelos outros nem para os outros, nem sem os outros. A investigação do pensar do povo não pode ser feita sem o povo, mas com ele, como sujeito do seu pensar. (FREIRE, 2005, p. 140 e 141)

METODOLOGIA APROVADA PARA O DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DO COGEMFRI